Educação digital: construção de um futuro coletivo

 Por Laila Martins, CEO do Saber em Rede

Sempre me incomodou a forma como falamos sobre “dar oportunidades”. A expressão muitas vezes soa vazia, como se bastasse abrir uma porta e esperar que alguém passasse por ela. Na prática, criar chances reais exige muito mais, como condições adequadas, acompanhamento e sensação de pertencimento. É exatamente nesse ponto que acredito que a educação digital ganha relevância, sobretudo em um país que ainda convive com tantas desigualdades.

A tecnologia tem mostrado força para unir aprendizado e mudança social. Plataformas acessíveis, métodos inovadores e novas ferramentas permitem construir redes de conhecimento que conectam pessoas, incentivam a geração de renda e fortalecem comunidades. Não faltam exemplos de gente que aproveitou essas iniciativas e as transformaram em histórias de sonhos realizados, dívidas pagas e em horizontes antes impensáveis.

Cada trajetória é diferente quando uma oportunidade concreta aparece. Uns enxergam espaço para empreender e conquistar ganhos consistentes. Outros conseguem mudar o rumo de suas vidas e, ao mesmo tempo, gerar impacto positivo onde vivem. O ponto central é claro: nada disso acontece sem apoio e respeito ao ritmo individual. Só assim uma chance se converte em transformação verdadeira.

Quando olhamos para o conjunto dessas experiências, percebemos o poder coletivo do ensino digital. Ele rompe barreiras geográficas, derruba limites financeiros e coloca nas mãos das pessoas materiais antes reservados a poucas pessoas. Mais que resultados imediatos, prepara cidadãos para o futuro, desenvolve habilidades de longo prazo e incentiva independência financeira. O efeito ultrapassa o indivíduo e alcança famílias inteiras, ampliando o alcance social.

Construção de futuro coletivo

Entretanto, justamente por ser tão abrangente, o desafio é enorme. Escalar iniciativas sem perder a proximidade humana exige sensibilidade. É preciso criar processos que mantenham a essência de comunidade, estimulando pertencimento e apoio mútuo. Quando isso acontece, surge um ambiente de confiança, troca de experiências e colaboração que vai além da simples transmissão de conteúdo.

Outro ponto crucial é reconhecer que tecnologia, sozinha, não elimina desigualdades. O diferencial está na curadoria cuidadosa, na relevância do material e no envolvimento ativo das pessoas. Democratizar o acesso significa oferecer conteúdos transformadores, capazes de dialogar com diferentes realidades. Liderar esse processo é abrir caminhos para que outros cresçam - lição válida em qualquer setor, não apenas na educação.

O que garante continuidade a esse movimento é a capacidade de gerar impacto duradouro. Ampliar o acesso ao aprendizado significa ampliar as chances de mudança social. O futuro passa por aumentar o alcance das iniciativas, simplificar caminhos e usar a tecnologia como elo entre formação, renda e desenvolvimento coletivo. Isso vai além de um modelo de negócio, representa uma visão de país mais equilibrado.

No fim das contas, oferecer oportunidade não é abrir um caminho e esperar. É caminhar junto, garantindo ferramentas, apoio e confiança para que cada pessoa se torne protagonista da própria história. A educação digital, feita com responsabilidade, mostra que é possível transformar desigualdade em potência coletiva - e aponta para um amanhã mais justo e inclusivo.

Sobre Laila Martins

*Em 2017, com apenas 24 anos, Laila Martins fundou a edtech Saber em Rede, exercendo o cargo de CEO desde então. E, em apenas cinco anos, levou a empresa do zero ao valuation de 50 milhões de reais. Movida pela inovação no alcance de novos alunos e valorização da comunidade acadêmica, Laila fundou a startup com o propósito de disseminar a educação e possibilitar que pessoas empreendessem neste processo. Ativa no ecossistema de inovação e empreendedorismo, a executiva atua desde 2020 como mentora nos programas de aceleração da Associação Brasileira de Startups, SEBRAE e Inovativa. Em 2023, Laila ainda se juntou a outros empreendedores para fundar uma Venture Builder, a X5 Ventures, para fomentar o ecossistema de inovação e investimento no país.




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