O convívio em condomínios reúne pessoas de diferentes idades, estilos de vida e expectativas. Essa diversidade pode gerar conflitos entre moradores jovens e idosos, especialmente em assembleias e no uso das áreas comuns, demandando atenção legal e administrativa.
Segundo a Dra. Juliana Teles, advogada especialista em direito condominial e sócia do escritório Faustino e Teles, “o choque geracional é natural, mas deve ser mediado por regras claras, diálogo e respeito à convenção condominial. Tanto jovens quanto idosos têm direitos iguais sobre as áreas comuns e sobre a participação nas decisões do condomínio”.
Principais diferenças de hábitos e conflitos
- Horários de uso das áreas comuns: jovens podem preferir atividades noturnas ou mais barulhentas, enquanto idosos buscam silêncio e tranquilidade.
- Uso de tecnologia e espaços compartilhados: aplicativos de reserva de salão ou quadra podem ser mais facilmente adotados pelos jovens, gerando conflitos com moradores que não dominam ferramentas digitais.
- Participação em assembleias: diferenças de percepção sobre a gestão, prioridades de gastos e reformas podem gerar desentendimentos.

Soluções legais e práticas
1. Respeitar a convenção e o regimento interno
As regras do condomínio são o principal instrumento para mediar conflitos. Qualquer mudança deve ser aprovada em assembleia com quórum legal.
2. Assembleias inclusivas
É recomendável diversificar os horários ou oferecer meios digitais de participação para garantir que todos os moradores, independentemente da idade, possam se manifestar.
3. Mediação de conflitos
Síndicos podem atuar como mediadores, promovendo diálogo entre os moradores e propondo soluções equilibradas.
4. Regras de convivência claras
Definir horários de silêncio, uso de áreas de lazer e normas para festas ou reformas ajuda a reduzir atritos.
5. Apoio a tecnologia
Cursos rápidos ou tutoriais sobre aplicativos de reserva e comunicação podem ajudar idosos a se adaptarem às novas ferramentas.
Dicas para síndicos
- Conhecer o perfil demográfico do condomínio para planejar regras de convivência mais justas.
- Incentivar o respeito mútuo e o diálogo, evitando favoritismos ou decisões que prejudiquem qualquer grupo.
- Documentar decisões e mediações para evitar conflitos futuros.
Dicas para moradores
- Respeitar horários e normas, mesmo que o estilo de vida seja diferente.
- Procurar diálogo antes de recorrer à assembleia ou à Justiça.
- Participar das assembleias e votar de forma consciente, lembrando que decisões coletivas devem equilibrar interesses de todos.
Conclusão
Segundo Dra. Juliana Teles, “os condomínios são espaços de convivência comunitária e devem equilibrar interesses e necessidades de todas as faixas etárias. Síndicos e moradores que priorizam diálogo, regras claras e respeito mútuo conseguem transformar o choque geracional em oportunidade de integração e harmonia”.

Dra. Juliana Teles
Advogada Especialista em Direito Condominial
Sócia do Escritório Faustino e Teles