Gerente executiva do Movtech aponta que ainda há tempo de transformar o período em estratégia, desde que exista equilíbrio entre pausa e estudo
mundo vivencia uma realidade diferente no final de ano. Para uns, é uma época estressante e cheia de expectativas; para outros, é momento de férias e descanso. Para alguns poucos, porém, pode ser o momento perfeito para avançar nos estudos e na carreira. É o que diz Mariana Lopes, gerente executiva do Movimento Tech 2030, coalizão brasileira dedicada a reduzir as lacunas educacionais e preparar jovens e adultos para o futuro do trabalho.
“Muitas empresas e instituições reduzem o ritmo em dezembro, o que abre uma brecha valiosa para quem deseja avançar enquanto o restante do mercado desacelera”, comenta a profissional. “Por exemplo, muitos cursos rápidos, inclusive online, podem ser completados neste período. Isso vale para quem está na escola ou faculdade e também para quem já está atuando ou busca uma mudança de carreira”.
A sugestão vale para muitas pessoas, mas vem com um alerta: nada de se sobrecarregar. Pausas e descansos são essenciais. Um estudo publicado na APA PsycArticles indica que as férias aumentam significativamente o bem-estar dos trabalhadores, especialmente quando conseguem se desconectar do trabalho. Por outro lado, é preciso considerar outros efeitos; por exemplo, uma pesquisa do Savvy Learning mostra que jovens podem perder o equivalente a dois meses de proficiência em leitura durante as férias, e mais de 70% dos estudantes também perdem habilidades matemáticas.
Segundo Mariana, a palavra-chave é equilíbrio. “O estudo neste período não precisa funcionar da mesma maneira que o resto do ano. Na verdade, existem diversas formas de aprimorar as próprias habilidades. Existem formações técnicas e comportamentais, trilhas de aprendizagem, revisões anuais, entre outros modelos de estudo”, afirma Lopes.
Ela destaca as reciclagens e atualizações, importantes principalmente em mercados voláteis como o da tecnologia. Os profissionais que atualizam repertório agora já chegam em 2026 preparados para lidar com modelos mais complexos de automação, integração de dados e inteligência artificial, por exemplo. “Muitas pessoas acabam consumindo notícias sobre o mercado em que atuam naturalmente, mas de forma desestruturada. Essa é uma oportunidade para afiar o olhar”, reforça a especialista.
O estudo não se limita ao aspecto técnico — o desenvolvimento comportamental também se beneficia. Mariana observa que a capacidade de tomada de decisão, gestão de tempo e resolução de problemas tende a evoluir quando estudada em um contexto mais calmo. Essa combinação favorece reflexões sobre a carreira, algo que se perde em meses mais agitados.
“A vantagem deste período é a combinação de agenda mais flexível e menor pressão operacional. Isso cria o momento ideal para preparar o terreno para um começo de ano mais estratégico. Enquanto grande parte do mercado desacelera, quem escolhe se movimentar constrói vantagem competitiva real”, conclui Mariana.