44% das habilidades atuais dos profissionais devem mudar até 2027; Executivos destacam senso crítico, adaptabilidade e vontade de aprender como as competências humanas que devem liderar a disputa por talentos na era da automação
Segundo o Fórum Econômico Mundial, 44% das habilidades atuais dos profissionais devem mudar até 2027, enquanto estimativas da McKinsey indicam que até 30% das atividades humanas poderão ser automatizadas até 2030. Para líderes de empresas como Google, Nubank, Amazon, Vivo, Nomad, Omie e TotalPass, o que definirá quem se mantém relevante nesse cenário não é a tecnologia em si, mas as competências humanas que passam a ganhar protagonismo.
Diferentes líderes do mercado apontam para uma transformação que desloca o foco da técnica para habilidades como senso crítico, adaptabilidade e responsabilidade construtiva. “As tarefas isoladas estão sendo automatizadas. O que vai diferenciar o profissional é a habilidade de identificar necessidades, propor soluções e construir algo do início ao fim”, destaca Giuliano Amaral, CEO da Mileto. “Essas capacidades são complexas pois são construídas com uma soma de competências e atitudes que demandam profundidade no desenvolvimento, desde a base sócio emocional da infância.”
A mesma perspectiva aparece na fala de Willian Katamaya, líder de transformação organizacional da Vivo, que reforça a urgência de competências humanas em ambientes de alta tecnologia. Para ele, empresas estão buscando talentos capazes de navegar em mudanças rápidas com autonomia e pensamento crítico, uma demanda crescente em setores altamente digitalizados.
Esse olhar também é compartilhado por outros executivos. Para Luiz Felipe Massad, Chief Human Resources Officer da Omie, a capacidade de adaptação e de lidar com frustrações se tornou determinante: “A capacidade de adaptação, o aprendizado constante e a resiliência diante das frustrações são o que mais diferencia os profissionais hoje. Foram justamente os fracassos que mais me ensinaram. Quem aprende com as quedas e usa essas experiências para se levantar mais forte vai mais longe.”
Executivas como Erika Borges, da Amazon; Suzana Kubric, Nubank; e Luiza Rubio, Nomad; reforçam que as empresas estão cada vez mais em busca de jovens com curiosidade intelectual e vontade genuína de aprender — uma competência comportamental que, segundo Giuliano, deveria ter espaço central na educação formal. “Colocar a ‘vontade de aprender’ como tema curricular seria uma revolução. É uma fonte de motivação interna que desperta autonomia, propósito e prazer pelo aprendizado. E isso tem impacto direto na empregabilidade, na carreira e na vida como um todo”, afirma.
Emerson Martins, Head of HR Brazil do Google, destaca a importância de sua formação técnica para sua trajetória: "Ter feito o ensino médio técnico facilitou bastante a minha vida universitária. Você já entra jogando, os assuntos não são uma grande novidade para você."
Giuliano também relaciona os aprendizados das entrevistas a reflexões do livro The Disengaged Teen, de Jenny Anderson e Rebecca Winthrop. “Mais do que nunca, o que crianças precisam agora é serem melhores em aprender”, afirma.
Em um mercado onde a tecnologia avança rapidamente, os especialistas apontam que as competências humanas — pensamento crítico, criatividade, capacidade de resolver problemas complexos e vontade contínua de aprender — serão os fatores decisivos para a empregabilidade. “O futuro da educação e do trabalho convergem em ser cada vez menos sobre trilhar caminhos pré-estabelecidos e mais sobre se engajar e ser capaz construir os próprios caminhos com propósito e para o bem coletivo”, conclui Giuliano.
Serviço: Reunindo todas as entrevistas realizadas na Educa week com os líderes de RH de empresas referência no país, no dia 13 de novembro será lançado o podcast “Futuro do Trabalho”, com 13 episódios disponíveis no Spotify e YouTube do Educa Week. A cada semana, um novo episódio com uma entrevista exclusiva.
