No Brasil, mais da metade da população se reconhece como negra, mas a desigualdade racial ainda define trajetórias desde a infância. Por isso, o Dia da Consciência Negra é mais do que uma data simbólica: é um chamado urgente para enxergar, entender e transformar a realidade de pessoas reais. É nesse contexto que a Fundação Otacílio Coser, instituição sem fins lucrativos que busca promover um Brasil mais justo e próspero por meio de iniciativas para o desenvolvimento das juventudes, firmou uma parceria com o Fundo Agbara, primeiro fundo filantrópico de mulheres negras no Brasil, para levar o letramento racial ao centro da vida escolar de milhares de jovens atendidos pelo Programa Escolaí.
Este ano, a iniciativa está presente em 93 escolas públicas nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro, com atividades complementares, chamadas de “missões”, que convidam os estudantes a refletir sobre identidade, história e desigualdades. As missões propostas neste ano, como rodas de conversa, ações culturais, pesquisas orientadas e experiências comunitárias, estimularam os jovens a compreender, na prática, o que significa ser negro no Brasil e como o racismo estrutura oportunidades, representações e expectativas. Ao todo, foram realizadas 26 ações sobre letramento racial, com a participação de 5.015 jovens entre 11 e 19 anos.
Os dados reforçam a importância da parceria: estudo publicado pela Todos Pela Educação nesta terça-feira, 17 de novembro, mostra que 69,5% de jovens pretos, pardos e indígenas concluem o ensino médio, contra 81,7% de brancos e amarelos. Para a Fundação Otacílio Coser, ampliar a consciência racial é parte fundamental do compromisso de fortalecer trajetórias e garantir que os estudantes se reconheçam como indivíduos com direitos e agentes de transformação em suas próprias comunidades.
“A Consciência Negra acontece quando o jovem entende que a sua história importa, e que a escola pode ser um espaço de afirmação, não de silenciamento. Com o Fundo Agbara, ao longo de todo o ano passamos a propor vivências que ajudam os estudantes a nomear o racismo, reconhecer suas raízes e fortalecer sua autoestima”, afirma Cassiane Lanzoni, head de Operações da Fundação Otacílio Coser e gestora do programa Escolaí.
Ao inspirar essas discussões a partir do interesse dos jovens, as escolas ganham força para implementação da Lei 10.639/03, que determina o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. A proposta é que o debate racial faça parte do cotidiano dos jovens, criando ambientes mais acolhedores, críticos e preparados para enfrentar o racismo estrutural.
Conheça algumas das missões promovidas pela Fundação Otacílio Coser nas escolas:
Linha do Tempo da Resistência: A missão é construir uma linha do tempo com personalidades negras e indígenas que resistiram às opressões e preservaram suas culturas. Cada participante deve pesquisar personagens históricos ou atuais — do período da escravidão, da colonização ou das lutas contemporâneas.
Feira da COMciência negra e indígena: Pesquisar e apresentar invenções e descobertas realizadas por indivíduos ou povos, em temas como medicina, agricultura, engenharia, educação e tecnologia. Cada grupo cria um estande para a feira, e apresenta com criatividade a sua pesquisa.
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Sobre a Fundação Otacílio Coser
A Fundação Otacílio Coser é uma instituição sem fins lucrativos que atua para gerar conexões e oportunidades para as juventudes em situação de vulnerabilidade social, desde a educação básica até o mundo do trabalho. Com origem no Espírito Santo e atuação em território nacional, há 26 anos a Fundação realiza programas que beneficiam diretamente as juventudes. Suas ações incluem iniciativas de formação inovadoras, parcerias com escolas públicas, empresas e organizações da sociedade civil para promover o desenvolvimento de jovens, a inclusão e a igualdade de oportunidades.
Sobre o Fundo Agbara
O Fundo Agbara é o primeiro fundo filantrópico criado por e para mulheres negras no Brasil. Com atuação sistêmica, promove o bem-viver de mulheres negras por meio da redistribuição de recursos, do fortalecimento de lideranças, da produção de conhecimento e da incidência política. Fundado em 2020, o Agbara impulsiona a potência transformadora das mulheres negras para gerar impacto duradouro em comunidades e territórios em todo o país.
