A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) avalia a nova orientação do Ministério da Saúde de realização do rastreamento de câncer de mama a partir dos 40 anos. A recomendação era de 50 anos de idade, mas diante do aumento de casos de câncer de mama em mulheres mais jovens, foi anunciada a mudança na faixa etária
Há uma semana de iniciar a campanha alusiva ao mês mundial de conscientização sobre o câncer de mama, Outubro Rosa, o Ministério da Saúde anunciou a nova estratégia de rastreamento de câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de agora, a entidade orienta que as mulheres, sem história pessoal ou familiar de câncer, passem a realizar a primeira mamografia aos 40 anos, com o objetivo de ampliar a oportunidade de diagnosticar tumores malignos em fases mais precoces, quando há maior chance de tratamentos mais conversadores e com chance de cura que supera os 90%.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) acompanha a decisão, sendo favorável à orientação do Ministério da Saúde, divulgada na terça-feira (23). A mamografia passa a ser recomendada para mulheres de 40 a 49 anos, mediante indicação médica e/ou desejo da paciente. De acordo com o Ministério da Saúde, 22,6% dos casos de câncer de mama no país são nesta faixa etária.
Números estimados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam para 73 mil novos casos anuais de câncer de mama em 2025. A doença, que representa três em cada dez diagnósticos de câncer em mulheres brasileiras, é a mais comum entre as mulheres em mais de 157 países, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma.
Segundo o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Rodrigo Nascimento Pinheiro, no Brasil já não era proibida a realização da mamografia antes dos 40 anos, mas não havia uma recomendação formal do Ministério da Saúde para essa realização. “Um percentual grande das mulheres brasileiras, cerca de 30%, apresentam câncer de mama com idade inferior aos 50 anos. Por isso, é muito importante reforçar o rastreamento em idades mais jovens, pois podemos beneficiar muitas pacientes no país trazendo diagnósticos precoces e, consequentemente, tratamentos mais efetivos”, explica.
O que muda com a nova recomendação
Além da ampliação da faixa etária do rastreamento ativo com mamografia, que antes começava aos 50 anos, a nova estratégia do governo inclui a criação de uma linha de cuidado que visa garantir o acesso ao exame mesmo para mulheres sem sinais ou sintomas da doença. Haverá também o chamado rastreamento sob demanda, no qual profissionais de saúde orientam as pacientes sobre os benefícios e as possíveis desvantagens da realização da mamografia.
As ações envolvem ainda a expansão da rede de serviços, com as carretas de saúde da mulher, o fortalecimento da atenção primária por meio de guias de rastreamento, a incorporação de novos medicamentos, além de investimentos em pesquisa, capacitação de equipes e na qualificação dos equipamentos de mamografia.
Segundo a diretriz publicada, o objetivo do Ministério da Saúde é aumentar a sobrevida, ampliar as chances de cura, oferecer mais opções de tratamento e garantir melhor qualidade de vida às pacientes. “O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Com essa nova diretriz, o diagnóstico passa a ser fortalecido como prioridade no SUS, permitindo que mais brasileiras tenham acesso precoce ao rastreamento e, consequentemente, iniciem o tratamento em estágios iniciais da doença, quando as chances de sucesso são maiores”, destaca.
CIRURGIA EM CÂNCER DE MAMA - A indicação de cirurgia do câncer de mama depende do estágio em que a doença foi diagnosticada. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico, maior é a probabilidade de uma cirurgia mais conservadora. De maneira geral, a maioria das pacientes passa por algum tipo de cirurgia, ainda que com objetivos distintos. Essa definição com relação ao tipo de cirurgia mais indicado fica a cargo do cirurgião oncológico ou do mastologista e de sua equipe, que avaliam cuidadosamente a extensão da doença e quais são as medidas de tratamento a serem adotadas.
Pinheiro ressalta que é importante contar com o acompanhamento de profissionais qualificados, em centros oncológicos de referência para o tratamento do câncer de mama: “Há diferentes tipos de cirurgia do câncer de mama. A definição ocorre de acordo com o objetivo do procedimento e com as condições - tanto da paciente, quanto do tumor - levando assim a uma cirurgia mais adequada e personalizada a cada caso/paciente”, explica.
CIRURGIA CONSERVADORA - Esse procedimento é conhecido como lumpectomia ou quadrantectomia. A quantidade de tecido mamário removido varia de acordo com o tamanho e a localização do tumor, além de outros fatores, como a probabilidade de dissipação de células tumorais. Na prática, se dá pela retirada do segmento ou do setor da mama onde está localizado o tumor. Neste caso, o cirurgião oncológico deve extrair o tumor com uma porção de tecido saudável adjacente, como margem de segurança.
MASTECTOMIA - Nesse procedimento é feita a retirada completa da mama, incluindo todo o tecido mamário. No caso da chamada mastectomia radical, podem ser removidos outros tecidos próximos como os músculos que se localizam abaixo da mama com os gânglios axilares – geralmente indicada para grandes tumores em que já há ínguas comprometidas ou o risco de disseminação é elevado.
Há, ainda, a chamada Mastectomia Total com utilização da pesquisa de linfonodo sentinela (a "íngua" que inicialmente drena estes tumores). O objetivo é minimizar os efeitos colaterais do tratamento oncológico.
SINTOMAS
Um dos sintomas mais comuns da doença é o surgimento de um nódulo no seio, geralmente detectado durante o autoexame ou em uma consulta de rotina. Além do caroço no seio, existem outros sinais de alerta aos quais é importante estar atenta
- pele da mama avermelhada ou retraída;
- aspecto de casca de laranja nas mamas;
- alterações no mamilo, como inversão ou descamação;
- pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
- secreção anormal, geralmente sanguinolenta, nos mamilos.
É possível prevenir o câncer de mama?
Entre as práticas saudáveis e preventivas, que ajudam a reduzir o risco para desenvolver câncer de mama, a SBCO destaca:
- redução e manutenção do peso corporal saudável;
- prática de atividade física por, pelo menos, 150 minutos semanais;
- acompanhamento adequado em casos de reposição hormonal pós-menopausa;
- limitação no consumo de bebidas alcoólicas;
- não fumar;
- visitas regulares ao médico, com realização de exames preventivos;
- adotar uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes e com menos alimentos ultraprocessados.
Sobre a SBCO - Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, a detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).