Estudo do genoma com quase dois milhões de pessoas revela oportunidades para terapias personalizadas e avanços em cirurgias robóticas
Um estudo global sobre osteoartrite, liderado pelo Sheffield Teaching Hospitals NHS Foundation Trust, no Reino Unido, identificou mais de 900 ligações genéticas à doença, incluindo mais de 500 que nunca haviam sido relatadas. Publicado na revista Nature, o estudo analisou dados genéticos de quase dois milhões de pessoas, comparando pacientes com osteoartrite – também chamada de osteoartrose, ou somente artrose - e indivíduos sem a doença.
A pesquisa é considerada um marco no entendimento da doença, caracterizada por uma condição degenerativa que, segundo estimativas, afeta mais de 595 milhões de pessoas em todo o mundo e representa uma das principais causas de dor crônica e incapacidade.
Consultado pela Zimmer Biomet, o médico ortopedista especialista em cirurgia de quadril Dr. Roni Serra, explica que essa descoberta possibilita o direcionamento dos pacientes para novos tratamentos e terapias personalizadas, de acordo com o padrão genético e anatômico de cada um.
“Embora um tratamento medicamentoso completo ainda esteja em desenvolvimento, a robótica segue como a tecnologia mais avançada a ser utilizada nos casos cirúrgicos, uma alternativa indicada aos pacientes que não respondem mais aos tratamentos paliativos. A cirurgia robótica permite uma substituição precisa da articulação pela prótese ortopédica, reduzindo riscos e melhorando a recuperação do paciente”, complementa o Dr. Serra.
O estudo do Reino Unido também identificou oito processos biológicos que regulam a função celular e os sistemas internos do corpo, esclarecendo os mecanismos ocultos da osteoartrite. Alguns dos genes descobertos já são alvos de medicamentos aprovados, o que pode acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos.
“Já sabemos que a artrose pode ser causada por diferentes fatores como o próprio envelhecimento, o sedentarismo e a falta de fortalecimento muscular, o sobrepeso, entre outros hábitos que aceleram o desgaste das articulações. Mas agora, a partir da pesquisa outros pontos passam a ser avaliados, inclusive relacionados a algumas células do sistema nervoso. À medida que essas descobertas acontecem, elas contribuem para a evolução dos tratamentos e das tecnologias ortopédicas, hoje já consideradas um divisor de águas no universo cirúrgico e de reabilitação”, conclui Dr. Roni Serra.