Preparação para o vestibular e mudanças na rotina exigem maturidade para lidar com a pressão da escolha profissional, solidão e a busca por autonomia
Com a chegada do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que teve sua primeira fase no último final de semana, e dos principais vestibulares do País, uma intensa onda de pressão emocional toma conta de milhares de lares. Este não é apenas um período de provas acadêmicas, mas um rito de passagem que simboliza o fim da adolescência e o início da vida adulta. A escolha do curso, a expectativa familiar, o medo do fracasso e, em alguns casos, a iminente saída de casa são desafios que testam a resiliência dos jovens.
Para a psicóloga Cris Aguiar, especialista em neuropsicologia e psicologia sistêmica familiar e de casais, é necessário acolher os vestibulandos. "O vestibular não representa apenas uma prova, mas uma passagem simbólica entre a adolescência e a vida adulta. O peso das decisões e a perspectiva de um futuro incerto despertam inseguranças profundas, ansiedade e até sentimentos de solidão, especialmente naqueles que se preparam para mudar de cidade", explica a especialista.
Um dos primeiros e mais significativos obstáculos é, sem dúvida, a escolha do curso e o peso dessa decisão. Muitos adolescentes se veem forçados a definir um futuro profissional antes mesmo de terem a chance de se conhecer por inteiro. “Essa escolha precoce, muitas vezes influenciada por expectativas familiares ou pela pressão social por um sucesso rápido, pode gerar uma paralisia temível, em que o medo de errar é maior do que a vontade de seguir em frente. É o futuro profissional sendo definido em uma idade na qual a identidade ainda está em plena formação”, pondera Cris Aguiar.
Mudanças inevitáveis
A tão sonhada autonomia chega de forma abrupta para quem precisa deixar a cidade natal. A separação física da família vem acompanhada de uma inevitável distância emocional, nem sempre fácil de processar. Saudade e sentimento de culpa são companheiros frequentes nessa jornada. “A forma como essa nova fase é vivida está intimamente ligada ao tipo de apego desenvolvido na infância. O apego seguro favorece uma transição mais leve e confiante, enquanto o apego inseguro pode acentuar o medo do abandono, a dificuldade de criar novos laços e dependência emocional”, acrescenta a psicóloga.
Superada a mudança, surge o desafio da nova rotina e o confronto com o sentimento de solidão. Morar em repúblicas, com parentes ou sozinho, implica em uma série de responsabilidades que antes eram terceirizadas: limpar a casa, gerenciar o próprio dinheiro e manter os estudos em dia.
Vale ressaltar que a transição não é apenas geográfica. Mesmo os jovens que permanecem na mesma cidade e apenas trocam o colégio pela faculdade enfrentam uma ruptura na rotina. Horários diferentes, um novo círculo social, a elevação das expectativas acadêmicas e um papel mais ativo nas próprias decisões marcam essa fase. É uma mudança simbólica que exige reorganização de hábitos e papéis sociais.
O papel dos pais e responsáveis
Em meio a um cenário de grandes transformações, o papel dos responsáveis se mostra crucial, exigindo equilíbrio entre presença e liberdade. O apoio deve ser incondicional, mas sem invasão. Acolher sem controlar e confiar no processo são os pilares para um desenvolvimento emocional saudável. "Em alguns casos, um processo breve de terapia pode ajudar o jovem a organizar seus pensamentos, lidar melhor com a ansiedade e desenvolver recursos internos para essa nova fase da vida", finaliza a especialista.
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