Pacientes com câncer de mama triplo negativo, como o de Roseana Sarney, podem precisar de quimioterapia antes da cirurgia

 A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) reforça que, nos casos de câncer de mama triplo negativo, o tratamento, quando a doença não é inicialmente operável, pode começar pela quimioterapia, etapa chamada de neoadjuvante, seguida da cirurgia para retirada do tumor. A estratégia permite avaliar a resposta tumoral e definir o melhor plano cirúrgico, como no caso da deputada Roseana Sarney, que passa por tratamento contra a doença

A deputada federal e ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, revelou estar em tratamento contra um câncer de mama triplo negativo, subtipo molecular mais agressivo da doença. Diagnosticada em agosto de 2025, aos 72 anos, ela passa pela 11ª sessão de quimioterapia e, conforme o protocolo clínico tornado público, será submetida a cirurgia após o término do tratamento sistêmico.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) explica que o câncer de mama triplo negativo é um tipo que não expressa receptores hormonais de estrogênio, progesterona e à proteína HER2, o que o torna biologicamente distinto dos subtipos Luminal A, Luminal B e HER2-positivo. “Por não responder ao tratamento com hormonioterapia ou terapias-alvo, o tratamento inicial costuma ser a quimioterapia, muitas vezes acompanhada de imunoterapia, seguida de cirurgia para retirada do tumor”, explica Viviane Rezende de Oliveira, vice-presidente da SBCO. 

O cirurgião oncológico Juliano Cunha, diretor de Comunicação da SBCO, comenta que os tumores triplo negativos têm uma característica de agressividade potencialmente maior do que os tumores hormonais, os chamados subtipos luminais. “Então, os tumores triplo negativos causam um pouco mais de medo nas pacientes. Em sua maioria, são tumores tratados com quimioterapia antes da cirurgia, que é o que a gente chama de quimioterapia neoadjuvante”, contextualiza.

Segundo o especialista, a escolha do tratamento pré-operatório não altera a necessidade de cirurgia, mas contribui para avaliar a resposta tumoral e planejar o procedimento com mais segurança. “A princípio, o tratamento não muda em relação à estratégia cirúrgica, embora possa aumentar a chance de realizarmos uma cirurgia mais conservadora, evitando a mastectomia. A diferença é que, para tumores acima de um centímetro, hoje se indica iniciar pela quimioterapia e, depois, realizar a cirurgia. Essa é a principal orientação nesses casos”, completa.

Risco de recidiva é maior nos primeiros anos após o tratamento

O câncer de mama triplo negativo costuma apresentar taxas mais altas de recidiva nos primeiros cinco anos após o tratamento, especialmente quando não há resposta completa à quimioterapia. No entanto, pacientes que permanecem livres da doença após cinco anos têm risco residual baixo, em torno de 2% a 3% segundo o MD Anderson Cancer Center, independentemente do estágio inicial.

Juliano Cunha comenta que a conduta reforça o papel do especialista em cirurgia oncológica na equipe multidisciplinar. “O cirurgião oncológico precisa estar atualizado para indicar o tratamento sistêmico antes da cirurgia, quando isso traz benefícios reais aos pacientes. É um diferencial do especialista”, ressalta. 

O risco de recorrência do câncer de mama depende de fatores como o estágio inicial da doença, o status dos receptores e a resposta aos tratamentos realizados. A recidiva pode ocorrer na mesma mama, em linfonodos próximos ou em órgãos distantes, como cérebro, pulmão, fígado e ossos. “O risco de recidiva é mais acentuado especialmente nos dois primeiros anos”, complementa Viviane. Por isso, o acompanhamento médico rigoroso é fundamental, sobretudo nos primeiros anos após o término da terapia.

Sobre a SBCO - Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Paulo Henrique de Sousa Fernandes (2025-2027). 

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