Histórias que envolvem personagens com superpoderes e fenômenos que nem a ciência explicam caíram no gosto dos leitores

Nos últimos anos, tem crescido de forma expressiva o interesse de jovens e jovens adultos por obras literárias com tramas paranormais. Vampiros, fantasmas, seres sobrenaturais e romances místicos estão cada vez mais presentes nas listas de leitura desse público — um fenômeno impulsionado tanto por plataformas digitais quanto por redes sociais literárias, onde recomendações e debates sobre obras “paranormais” viralizam com frequência.
Esse movimento se insere em um cenário maior: os jovens seguem liderando o consumo literário no Brasil, representando 35,64% do faturamento do mercado de livros, segundo dados do Painel do Varejo de Livros. Ao mesmo tempo, pesquisas sobre os hábitos de leitura no país revelam um quadro ambíguo: embora haja um público jovem que consome intensamente ficção, a edição mais recente da pesquisa Retratos da Leitura apontou que 53% da população brasileira não leu sequer parte de um livro nos três meses anteriores, sinalizando desafios para a ampliação do hábito de ler.
Para além dos números, a popularidade das histórias paranormais entre esse público também reflete uma busca por escapismo e pertencimento. Em um mundo cada vez mais volátil e ansioso, as tramas que misturam o real e o fantástico funcionam como refúgio — e como cosmologia simbólica — ao oferecer universos onde conflitos emocionais, identitários e afetivos se manifestam de forma intensa, muitas vezes espelhando as inquietações internas dessa nova geração. Aqui vão dois bons exemplos de livros com temática paranormal:
“Coração de Gelo e Rosas” é o primeiro livro da já consagrada autora Babi A. Sette com temática que mistura romance (gênero onde já é consagrada) e fantasia. Nele, conhecemos a jovem Briana, que é assombrada por visões e lembranças de um mundo que só existe nos contos de fadas. Órfã, busca respostas para suas origens nas páginas de histórias encantadas e em sua tese de doutorado em linguística. É nesse caminho que ela encontra Ian Ferner, seu novo orientador, um professor respeitado, temido e conhecido pela frieza quase impenetrável. Mas, por trás da fachada rígida, há um homem marcado por segredos e cicatrizes profundas.
Já em “As Almas da Academia Blackwood”, somos apresentados à Academia Blackwood, uma escola na fronteira entre a vida e a morte. Ninguém escolhe chegar aqui, mas depois que uma alma atravessa seus portões, a única forma de sair é sendo um dos seis escolhidos para competir no Decênio — uma série de provas sobrenaturais e perigosas que acontece uma vez a cada década. O prêmio? Uma escolha crucial: juntar-se à elite imortal e mágica de Blackwood ou arriscar tudo para atravessar para o Outro Lado. O livro é a estreia no Brasil de I.V. Marie, autora de origem latina que se aventura pela dark academia, um subgênero que está conquistando leitores com sua fantasia ambientada no mundo universitário.
E, para finalizar, o livro “Feras”, da escritora carioca Lis Vilas Boas, apresenta um romance de segunda chance e aproximação por interesse, passado em um cenário pré-carnavalesco de um fictício Rio de Janeiro como pano de fundo onde os mafiosos mais uma vez tentam roubar – literalmente – a cena. Dessa vez, a autora se inspirou em dois elementos que fazem parte do imaginário carioca. O jogo do bicho se tornou o jogo do poupa-fera, e o carnaval tem o mesmo nome porém outras origens. Na obra, conhecemos Selene Veronis e Heitor Lacarez. Ela é uma perfeita dama: linda, educada, e sempre sorrindo. Heitor é o único a saber que, por baixo do verniz de socialite, existe uma artista ousada e aventureira, cujo maior sonho é conquistar a própria liberdade. O que não o impede de querer prendê-la em seus braços.