4 fatos sobre a relação entre o álcool e o câncer de próstata: dos impactos nos exames à escolha dos hábitos

 O consumo de bebidas alcoólicas está mais presente na rotina do brasileiro que muitos imaginam — e, para os homens, pode trazer consequências que vão além de danos ao fígado. Estudos recentes demonstram que o hábito de beber, especialmente em excesso e por longo período, pode influenciar silenciosamente na saúde de diversos órgãos (incluindo a próstata), alterar resultados de exames e até interferir na eficácia de tratamentos contra o câncer.

A seguir, quatro fatos científicos ajudam a entender como o álcool afeta a saúde prostática, desde a adolescência até a vida adulta, com análises de especialistas em urologia, genética e medicina preventiva.

1. O álcool pode influenciar o risco de câncer de próstata ao longo da vida

Um estudo da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill (EUA) mostrou que o consumo excessivo de álcool na adolescência pode triplicar o risco de um homem desenvolver câncer de próstata de alto grau — a forma mais agressiva da doença — na vida adulta.
De acordo com a pesquisa, homens que consumiam mais de sete doses semanais entre 15 e 19 anos apresentaram três vezes mais chances de diagnóstico de câncer agressivo décadas depois (UNC, Cancer Prevention Research, 2018).

“Nossa sociedade passou a enxergar tardiamente os efeitos nocivos do álcool, antes restritos aos danos no fígado. Hoje, começamos a falar de consumo de álcool de forma semelhante ao cigarro, com riscos cumulativos durante toda a vida”, explica o Dr. Fernando Ide Yamauchi, coordenador médico do setor de tomografia e ressonância magnética, da Dasa (líder em medicina diagnóstica no Brasil).

Os cientistas acreditam que, como o câncer de próstata pode levar décadas para se desenvolver, compreender os fatores de risco desde cedo é essencial para estratégias de prevenção mais eficazes.

2. Beber antes de exames pode alterar resultados, inclusive do PSA

O exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) mede uma proteína produzida pela próstata, usada para investigar inflamações, infecções e sinais de câncer. O consumo de álcool antes da coleta pode alterar temporariamente os níveis dessa substância no sangue, levando a resultados falsamente altos ou baixos — o que pode atrasar diagnósticos ou gerar interpretações incorretas.

3. O álcool potencializa inflamações e dificulta a recuperação celular

O consumo frequente de álcool tem efeito inflamatório e pode alterar o funcionamento do sistema imunológico.

“A inflamação crônica causada pelo álcool é um gatilho silencioso”, afirma. “Ela não apenas afeta o fígado, mas também órgãos como a próstata, o pâncreas e o intestino, e pode mascarar sintomas importantes percebidos em checkups de rotina”, completa.

Segundo ele, a falta de exames regulares ainda é um dos principais desafios: “Grande parte dos homens só procura o médico quando sente dor ou desconforto, e assim, muitos tumores são descobertos em fases mais avançadas, em que o tratamento é mais complexo.”

 

4. Hábitos saudáveis são fator de proteção comprovado

Embora não exista um limite “seguro” de consumo quando se fala em prevenção de câncer, pesquisas sugerem que reduzir o álcool e adotar uma dieta rica em vegetais e gorduras boas, aliada à prática de atividade física, ajuda a regular os níveis hormonais e a inflamação sistêmica — fatores associados ao menor risco de câncer de próstata e também a riscos cardiovasculares. “A melhor estratégia ainda é o acompanhamento médico regular”, reforça Fernando Ide. “Check-ups anuais permitem detectar alterações silenciosas — não só na próstata, mas em todo o metabolismo — e ajustar hábitos antes que o problema se torne clínico”, finaliza.

Além do PSA, o toque retal e exames de imagem são parte essencial desse acompanhamento, principalmente para homens acima dos 45 anos ou com histórico familiar da doença.

Dasa

Fontes e referências

  1. Allott, E. et al. Cancer Prevention Research (2018). “Early life alcohol consumption and prostate cancer risk”.
    Disponível em: https://cancerpreventionresearch.aacrjournals.org
  2. Instituto Nacional de Câncer (INCA). “Câncer de próstata: fatores de risco e prevenção.”
    https://www.inca.gov.br
  3. Mayo Clinic. “Prostate-specific antigen (PSA) test: what affects results.”
    https://www.mayoclinic.org
  4. American Cancer Society. “Alcohol use and cancer risk.”
    https://www.cancer.org

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