Índices de burnout no setor de TI chamam atenção para cuidados com a saúde mental

Entre os trabalhadores da área, 42,5% apresentam sintomas físicos e mentais, enquanto 38,1% relatam sinais claros de esgotamento, aponta pesquisa

Cansaço físico e mental constante, irritabilidade, distanciamento emocional, falta de motivação para projetos e até problemas de saúde, como dores de cabeça e insônia, estão entre os sintomas que podem acender um alerta sobre saúde mental no ambiente corporativo. No caso dos profissionais de Tecnologia da Informação (TI), esses sinais chamam atenção pelo alto índice de esgotamento físico e emocional dos trabalhadores no país. Uma pesquisa recente realizada pela Telavita, empresa de soluções digitais em psicologia e psiquiatria no Brasil, revela que a área lidera o ranking de Síndrome de Burnout entre os setores avaliados.

Segundo a análise, 42,5% dos profissionais de TI apresentam burnout completo, que representa um quadro consolidado, com sintomas de esgotamento físico e emocional. Outros 38,1% relatam sintomas claros de esgotamento. A pesquisa, realizada com 4.440 profissionais de diferentes níveis hierárquicos e setores econômicos, também revelou que mais da metade dos jovens de 18 a 25 anos (51,94%) já inicia a carreira em estado de esgotamento.

Para o médico do trabalho e gestor de  saúde ocupacional, Dr. Phelipe Felício, de forma geral, observa-se na área uma sobrecarga de trabalho marcada por jornadas extensas, pressão por resultados e pela cultura de entregas rápidas, muitas vezes acompanhada da falta de reconhecimento. “A área de TI sustenta a digitalização de praticamente todos os negócios, mas convive com altas demandas, prazos curtos e constante pressão por inovação, reforçando uma cultura de alta performance. Além disso, atividades como implantação de sistemas, segurança cibernética e suporte exigem disponibilidade contínua. A lógica de que ‘o sistema não pode parar’ gera uma sensação permanente de prontidão, com pouco espaço para erros ou falhas, o que aumenta a ansiedade”.

A mentora e palestrante de carreira, Patricia Nagase, que participou recentemente do RunTalks, podcast voltado para o setor de TI e que abordou o tema de saúde mental, acredita que a falta de clareza sobre valores e limites pessoais tem levado os profissionais de TI a viverem em ritmo acelerado até o ponto da exaustão. “O resultado aparece nos crescentes índices de burnout no setor: reflexo direto da alta pressão e da dificuldade de reconhecer quando é hora de pausar. Quando o corpo e a mente deixam de sustentar a demanda, a conta chega — e muitas vezes tarde demais”.

Dr. Phelipe Felício ressalta que outro ponto crítico é a conectividade constante. “São chamados fora do horário, mensagens urgentes e a sensação de estar sempre de plantão que comprometem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Soma-se a isso o isolamento social e a comunicação limitada, fatores que, como mostra a literatura científica, impactam de forma significativa a saúde mental. Há também um gap entre as demandas técnicas e o suporte organizacional disponível, o que agrava o risco de esgotamento”.

De acordo com Gilberto Reis, COO da Runtalent, empresa líder em Soluções Digitais, o cuidado com a saúde mental precisa partir da liderança das empresas. “Ignorar esses dados pode não apenas comprometer a saúde de um colaborador, mas também desmotivar um time inteiro. É fundamental mapear os sinais de esgotamento, direcionar intervenções personalizadas, acompanhar de perto os níveis de proteção contra a exaustão e garantir que o ambiente de trabalho seja sempre um espaço de crescimento, nunca um lugar nocivo”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia reconhecido, em 2019, o burnout como resultado de estresse crônico no ambiente de trabalho. Em janeiro de 2022, o transtorno passou a ser classificado como doença ocupacional, reforçando a gravidade da condição. Na área de TI, Dr. Phelipe Felício defende que o burnout precisa ser reconhecido como um risco estratégico para as empresas, já que afeta diretamente a produtividade, a capacidade de inovação e a retenção de talentos.”A solução passa pela adoção de uma gestão mais humana, que estabeleça limites claros para a jornada de trabalho, ofereça maior apoio emocional, valorize o papel estratégico da tecnologia e promova ambientes sustentáveis que favoreçam a saúde e o bem-estar dos profissionais”, conclui.

Embora o cenário seja mais crítico em TI, a pesquisa também identificou índices preocupantes em outras áreas. Administração e Finanças registram 38,1% de profissionais em risco alto e 40,7% com sintomas de esgotamento; Marketing e Vendas apresentam 37,9% em risco alto e 39,8% em esgotamento. Os números reforçam que o problema é generalizado, mas ganha ainda mais gravidade no setor de tecnologia.

 

  • Sobre a Runtalent

 

A Runtalent conecta profissionais de tecnologia aos desafios e estratégias das empresas, unindo métodos ágeis com acompanhamento e suporte para maximização dos resultados. A empresa oferece alocação de profissionais de TI, serviços gerenciados e squads ágeis, e uma cultura centrada em pessoas, que resulta em uma nota excelente de 4,7 de avaliações no Glassdoor. São mais de 20 anos no setor de Tecnologia e mais de 8 mil profissionais alocados em projetos em cerca de mais de 200 empresas clientes, nacionais e multinacionais. Além disso, conta com um banco de talentos com mais de 15 mil profissionais especialistas em diversas áreas da Tecnologia.


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