Descanso, alimentação, treino de força e recuperação ativa estão entre os principais aliados da saúde e performance na corrida, alerta ortopedista
O Brasil vive um boom das famosas corridas de rua, e o calendário de provas está cada vez mais cheio. Junto com a crescente adesão de atletas amadores, cresce também a preocupação com o risco de lesões e complicações de saúde quando não há preparação adequada. O alerta é do ortopedista e especialista em joelho, medicina esportiva e regenerativa, Adílio Bernardes, que diz que para cruzar a linha de chegada com segurança e bom desempenho, não basta apenas treinar, é preciso ter cuidado e acompanhamento antes e depois da prova.
Segundo o médico, a preparação começa muito antes do dia da corrida com avaliação médica periódica. “A avaliação é essencial, especialmente para quem tem fatores de risco cardiovascular ou histórico de lesões. Além do exame clínico, podem ser necessários testes ergométricos e outros exames para identificar limitações e orientar os treinos que deverão ser progressivos e individualizados, para que haja uma adaptação do organismo, aumentando o volume e intensidade aos poucos”, explica.
Antes da prova: treino, descanso e estratégia
Entre os principais pontos, Dr. Adílio destaca:
- Treinamento progressivo: respeitar a adaptação do corpo, com aumento gradual de intensidade e volume;
- Alimentação equilibrada: investir em carboidratos, proteínas e líquidos nos dias que antecedem a prova e evitar o álcool;
- Descanso: noites mal dormidas aumentam o risco de fadiga, arritmias e quedas de pressão;
- Equipamentos testados: tênis e roupas devem ser os mesmos usados nos treinos, para evitar bolhas e desconforto;
- Estratégia de ritmo (pace): definir previamente para evitar exaustão precoce.
“O treino de força também não pode ser esquecido. Exercícios para glúteos, quadríceps, core e estabilizadores do quadril melhoram a postura e reduzem a sobrecarga em articulações como joelhos e tornozelos”, acrescenta Bernardes.
Após a prova: recuperação imediata e gradual
O ortopedista orienta que o cuidado continue depois de cruzar a linha de chegada e destaca as principais dicas nesse processo:
- Desaceleração: caminhar por 5 a 10 minutos evita tonturas;
- Hidratação e reposição: água, isotônicos e alimentos com carboidratos e proteínas auxiliam na recuperação;
- Troca de roupas: retirar peças suadas e manter o corpo aquecido previne tremores;
- Recuperação ativa: alongamentos leves, caminhada, bicicleta ou yoga ajudam na circulação e na remoção de ácido lático;
- Sono e descanso: fundamentais para a reparação muscular e prevenção de novas lesões.
Prevenção de lesões e sinais de alerta
Dr Adílio cita ainda que um dos fatores que mais aumentam o risco de problemas é já ter sofrido lesões no passado. “Nesses casos, a volta deve ser gradual, alternando corrida com atividades de menor impacto e incluindo fortalecimento direcionado. Além disso, nunca se deve ignorar dor persistente, inchaço, rigidez ou queda de performance. São sinais de que é preciso buscar atendimento médico”, ressalta o ortopedista.
Ele reforça também que o acompanhamento multiprofissional do médico, educador físico, nutricionista e fisioterapeuta não é luxo, mas sim determinante para a longevidade no esporte. “Correr vai muito além de calçar o tênis. É um processo que envolve preparação física, mental e prevenção. O corredor que entende isso tem mais chances de manter o esporte na sua vida de forma saudável e prazerosa por muitos anos”, finaliza.