À medida que os buscadores adotam respostas geradas por IA, especialista defende conteúdo autoritativo e estruturado como estratégia essencial
Com a ascensão de assistentes inteligentes como o ChatGPT e o recém-lançado Google SGE, o marketing digital entra em uma nova fase: a da visibilidade algorítmica. A lógica tradicional de busca baseada em cliques começa a dar lugar a sistemas que entregam respostas prontas e personalizadas, reduzindo drasticamente o tráfego para sites e blogs. Isso inaugura uma mudança significativa no comportamento dos usuários e, consequentemente, exige das marcas uma reestruturação de suas estratégias de conteúdo. É neste novo contexto que surge o conceito de Generative Engine Optimization (GEO), uma abordagem que vai além do SEO tradicional e busca otimizar conteúdos para serem lidos, interpretados e utilizados por inteligências artificiais generativas.
Casos recentes já indicam o impacto dessa transformação. Uma marca global do setor de skincare, mesmo investindo pesado em técnicas consagradas como backlinks, produção de conteúdo em massa e influenciadores digitais, não conseguiu tração real. O motivo? Seu conteúdo não era suficientemente estruturado para ser citado ou referenciado por IAs que priorizam fontes bem organizadas, com autoridade, dados confiáveis e clareza na entrega da informação. A constatação foi analisada em reportagens do Financial Times e do The Economic Times, que apontaram a falta de adaptabilidade das estratégias tradicionais ao novo cenário.
Para Leandro Ferrari, estrategista digital e fundador da XFlow, o recado é claro: “Precisamos pensar menos em palavras-chave isoladas e mais em entregar conteúdo profundo, com autoridade e estruturado para responder de forma completa às perguntas do usuário”. Ele alerta que as inteligências artificiais estão aprendendo a ranquear conteúdo não apenas com base em popularidade, mas também na organização lógica, confiabilidade das fontes, e clareza na estrutura narrativa. Em outras palavras, o conteúdo do futuro não será apenas escrito para humanos, será projetado também para ser compreendido por máquinas.
Isso exige uma transformação na forma de criação. Segundo Ferrari, o conteúdo precisa seguir princípios da “engenharia da informação”: uso de títulos e subtítulos hierárquicos, listas bem organizadas, fontes citadas, dados atualizados e uma linha de raciocínio que facilite a leitura e o entendimento tanto para pessoas quanto para algoritmos. “Quem dominar o algoritmo humano continua relevante, mas quem dominar o algoritmo IA vai sair na frente. GEO não é tendência, é adaptação obrigatória”, afirma.
Outro ponto importante trazido pelo especialista é a escalabilidade dessa nova abordagem. Um conteúdo bem estruturado, com arquitetura sólida, pode alimentar as IAs por meses, ou até anos, mesmo que não receba atualizações constantes. “Essa é a vantagem da arquitetura digital: o esforço concentrado gera efeito contínuo. Não é preciso impulsionar todos os dias quando o seu conteúdo já é útil para a máquina que responde perguntas no lugar do Google”, explica.
Ele destaca ainda que os produtores de conteúdo precisam parar de pensar apenas no volume e passar a pensar em profundidade e usabilidade. “A GEO não é sobre mais posts, e sim sobre conteúdo que responde melhor. É quase como pensar em artigos científicos para o marketing digital: relevância, clareza e autoridade”.
Para quem já está no mercado, o alerta é direto: não basta mais estar presente, é preciso ser a resposta. Isso significa repensar não apenas o que é publicado, mas como esse conteúdo é construído. O futuro do tráfego digital caminha para uma realidade onde máquinas escolherão as melhores fontes para responder às pessoas. E apenas quem estiver preparado para essa curadoria invisível vai sobreviver.