Setembro é o mês de conscientização sobre o câncer ginecológico, um período dedicado a conscientizar sobre os tumores que afetam o sistema reprodutivo feminino: colo do útero, ovários, útero (ou endométrio), vulva e vagina – doenças que, juntas, impactam milhares de mulheres todos os anos. Segundo o artigo científico “Epidemiologia do papilomavírus humano em homens: pensando além”, da dra. Adriana Campaner, ginecologista e obstetra do Alta Diagnósticos, a cada ano, mais de 340 mil mulheres morrem de tumores de colo de útero, doença fortemente associada ao vírus1. Também chamado de câncer cervical, é o oitavo mais comum no mundo e o quarto entre as mulheres, de acordo com o World Cancer Research Fund 2.
Para promover a prevenção e a detecção precoce, a dra. Ligia Pierrotti, infectologista do Delboni e consultora de vacinas da Dasa, e da dra. Andrea Sales, ginecologista do Lavoisier, reuniram cinco dicas importantes.
- A vacinação contra o HPV é essencial para prevenir cânceres ginecológicos
De acordo com a dra. Ligia, a imunização contra o Papilomavírus Humano (HPV) é uma ferramenta fundamental na prevenção de diversos tumores ginecológicos, sobretudo o do colo do útero. “A vacina nonavalente protege contra os principais tipos de HPV que causam aproximadamente 90% dos casos de câncer cervical e outras neoplasias associadas ao vírus, como de vulva e vagina. Ela é uma excelente aliada na redução do risco de doenças”, destaca.
A vacinação é especialmente recomendada entre os 9 e 12 anos de idade, mas mulheres até os 45 anos que ainda não foram vacinadas também podem se beneficiar dessa proteção. A especialista ressalta que a imunização deve ser combinada com exames regulares para garantir a prevenção completa.
- Check-ups ginecológicos são fundamentais em todas as fases da vida
“Eles previnem e detectam doenças no início. Procedimentos como o papanicolau ajudam a identificar lesões pré-cancerígenas no colo do útero, enquanto exames complementares, como ultrassonografias, permitem uma visão ampla da saúde reprodutiva feminina”, reforça a dra. Andrea Sales.
Mulheres com menos de 40 anos devem incluir o ultrassom das mamas como parte de sua rotina de exames preventivos, enquanto a mamografia é indicada a partir dessa idade. Além disso, quem está na pós-menopausa deve ficar atenta a sangramento uterino, dor abdominal ou inchaço, que podem ser sinais de alerta para câncer de endométrio ou ovário.
- Exames de imagem são aliados na detecção precoce
Os avanços da medicina diagnóstica trouxeram tecnologias de ponta, como a ressonância magnética e ultrassonografias de alta definição, que auxiliam na detecção precoce de alterações ginecológicas. De acordo com a dra. Andrea Sales, esses exames são essenciais para identificar tumores ou alterações em fases iniciais, aumentando significativamente as chances de tratamento bem-sucedido. O acompanhamento é particularmente importante para mulheres que possuem histórico familiar de cânceres ginecológicos ou estão em grupos de risco elevado, como com mutação comprovada dos genes BRCA1/BRCA2 ou outras síndromes genéticas predisponentes (como Li-Fraumeni, Cowden),
- Estilo de vida saudável faz a diferença
Mudar hábitos pode ser decisivo para reduzir o risco de uma série de doenças ginecológicas. A dra. Ligia explica que o tabagismo está relacionado ao câncer do colo do útero, especialmente em mulheres infectadas pelo HPV. Já a obesidade é um fator de risco para o câncer de endométrio, enquanto o excesso de gordura favorece o aumento da produção de estrogênio. Por isso, adotar uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos e ficar de olho no peso corporal são atitudes preventivas importantes.
- A conscientização salva vidas
Os cânceres ginecológicos ainda não recebem a atenção que deveriam, especialmente se comparados a outros tipos de tumor. A dra. Andrea Sales reforça que reduzir o estigma e conscientizar as mulheres a respeito dos sintomas e sinais de alerta podem salvar vidas. “Sangramento fora do período menstrual, dor abdominal persistente ou alterações nos hábitos intestinais e urinários não devem ser ignorados. Procurar um médico ao notar essas alterações é essencial para o diagnóstico precoce e melhor prognóstico. Os cânceres ginecológicos podem ser prevenidos e tratados com boas práticas de cuidado. A vacinação contra o HPV, os check-ups periódicos e a realização de exames como o ultrassom de mama e a ressonância magnética, quando clinicamente indicado, são ferramentas importantes para proteger a saúde da mulher”, finaliza.
Fonte
1 Campaner, A. Epidemiologia do papilomavírus humano em homens: pensando além. Alta Diagnósticos. Disponível em: link
2 WORLD CANCER RESEARCH FUND. Cervical cancer statistics. World Cancer Research Fund, 2025. Disponível em: https://www.wcrf.org/